
Completa-se hoje um ano desde que deixei de fumar.
Em jeito de "Comemoração" dos dez e onze meses sem fumo, relatei a minha experiência aqui no blogue. Nesta altura, ao completar um ano, seria normal estar tão eufórico da "proeza" alcançada que ninguém me conseguiria aturar e, como tal, a motivação para "comemorar, escrevendo sobre o assunto, deveria ser grande. Afinal não estou com grande vontade de o fazer e vai ser mais um dever que um prazer por achar que se trata de um marco que, do ponto de vista pedagógico, como reforço da motivação, não devo desprezar. Mas posso concluir que são boas as razões que me levam a esta "indiferença". Afinal, após um ano, com a aposta ganha (lagarto, lagarto, lagarto) e o facto de não fumar, embora me deixe feliz, já habituado à nova condição, deixa-me apenas a alegria serena, quase indiferença.
No início do processo, temia o fracasso; não por falta de confiança na minha força de vontade mas por recear que, após o ímpeto inicial, quando não fumar passasse a ser uma coisa banal, deixasse de ter uma causa tangível para a minha luta. Felizmente os meus receios não se confirmaram. Tenho de concluir que também aqui se aplica a 3ª lei de Newton - a acção (vontade de fumar) é igual à reacção (força de vontade para lhe resistir). Mas o processo é dinâmico e, com o tempo, esta equação desfaz-se e o fiel da balança começa a jogar, cada vez mais, a nosso favor - por um lado a vontade de fumar diminui e, por outro, a motivação aumenta através da satisfação pessoal que acompanha o sucesso.
Em jeito de autoavaliação devo dizer que esta mudança me trouxe quase só coisas boas. As más estão ultrapassadas e são apenas as que se prendem com a angústia inicial gerada pela mudança de hábitos. E não me parece que a parte mais difícil tenha sido a ressaca pela ausência de nicotina no organismo. Penso que a mudança de hábitos relacionados com o ritual de gestos associados ao acto de fumar, foi, no meu caso, a parte mais difícil. Mas até nem posso dizer que me tenha custado muito. Tomada a decisão de retirar o tabaco da ementa, após os factos relatados em
Faz hoje dez meses, não me lembro de, alguma vez, ter tido uma tentação suficientemente forte que exigisse um grande esforço para lhe resistir.
Mas, afinal, o que mudou com a nova condição?
As mudanças são pouco visíveis porque, além de saudável, sempre estive numa forma física razoável mas, mesmo assim, são mais do que estava à espera:
• Condição física melhorada na generalidade dos indicadores.
• Pulsação em repouso desceu para 54 batimentos p.m.
• Idade metabólica (dizem os técnicos) - 44 anos.
• O peso aumentou 2 kg - nunca fui gordo e toleraria mesmo um aumento mais acentuado. O aumento deveu-se, predominantemente, ao acréscimo de massa muscular por efeito do treino mais regular.
• Tosse frequente desapareceu
• Rouquidão e fadiga precoce da voz desapareceram, aspecto muito importante para quem a voz, como é o meu caso, é ferramenta de trabalho.
• Congestionamento das vias aéreas respiratórias que, frequentemente, me perturbavam a inspiração e, por vezes o sono, desapareceu.
• Durmo muito melhor e acordo mais repousado.
• Do ponto de vista psicológico os efeitos são enormes - a sensação de bem-estar com a auto-estima bem alta acompanha-me permanentemente e faz de mim uma pessoa mais feliz, tolerante, paciente e disponível.
• Ah, e já me esquecia, outro efeito nada negligenciável - estou mais rico! Com o dinheiro que deixei de gastar (cerca de 1.725€) juntei-lhe uns trocos e fiz um PPR no valor de 1.750 euros.
• Além de tudo isto, as limitações ao direito de fumar, agora mais acentuadas com a entrada em vigor da nova lei, deixaram de me incomodar.
Parece que fiz o melhor negócio do mundo com o qual estou de facto muito satisfeito.
Daqui por um ano, prometo nova crónica.