maio 26, 2009

Tempo de pausa

Isto de manter um blogue tem os seus altos e baixos.
Assim, sem grandes reflexões acerca do que nos leva a escrever, a parar de escrever, a escrever muito, pouco ou nada tem a ver com a alternância de interesses entre os quais vamos oscilando. Por vezes estamos motivados mas não encontramos um assunto em que achemos que valha a pena pegar. Noutras alturas, deixamos andar e não queremos saber mesmo que haja assunto. Parece ser o caso presente. Há dias deu-me para ir ver mensagens passadas e gostei de rever os pontos de vista que expressei. Espero voltar à escrita; quando estiver menos ocupado e, principalmente, quando a motivação voltar.
Até lá irei rabiscar umas coisas apenas o quanto baste para não me fecharem o tasco.

março 04, 2009

Quem quer ser otário?

As críticas de filmes feitas pelo cidadão comum que se limita a falar do filme que foi ver são, para mim, bem mais válidas e credíveis do que as dos críticos profissionais.
Acabei, mais uma vez, de ter alguns sinais da razoabilidade do meu critério de torcer o nariz aos filmes que conquistam os galardões da praxe. Parece que "Quem quer ser milionário" é apenas um bom filme, "melhor" que uns e "pior" que outros que este ano se estrearam.
Cheguei há muito tempo à conclusão de que, só por mero acaso, um filme muito badalado pela crítica é, de facto, um filme de excepção. Sem pressa de ir ver o dito, estava à espera dos primeiros testemunhos para avaliar o tamanho do barrete que Hollywood, este ano, nos iria enfiar.
Claro que os gostos, também no que respeita a filmes, não se discutem. E um bom filme para os críticos e profissionais da tal sétima arte, profundos conhecedores de tudo o que rodeia o fenómeno, não quer dizer que o seja para mim e para o público em geral. Daí a minha desconfiança sobre os juizos de tais juizes.
Se fosse mauzinho até diria que ganhar os tais óscares não é mais que vencer uma corrida entre os lóbis implicados na promoção dos filmes concorrentes. E o critério artístico conta bem menos que os objectivos comerciais. Um filme apenas razoável, com uma boa máquina de marketing a promovê-lo arrisca-se a "ser o melhor" na óptica de todos os críticos e restantes decisores.
Tudo bem, quem tiver pressa de ir ver essa maravilha que vá para a fila. Cá por mim, também o hei-de ir ver, mas sem pressas, quando calhar...

fevereiro 12, 2009

Há dois anos sem fumar

Após umas dezenas de anos a fumar, estou prestes a completar dois anos desde que acabei por cortar com o vício. Em jeito de reflexão, recordo aqui o início do processo colando a correspondência que então troquei com o parar.net. Trata-se de uma ONG a quem, casualmente, enviei um e-mail quando senti necessidade de contar a minha "façanha" a alguém. Através da pessoa que me respondeu, obtive um feed-back importante que veio a revelar-se precioso nesta luta para deixar o tabaco. Decorridos dois anos, continuo muito satisfeito por ter deixado de fumar e com a auto-estima em alta por ter tido a firmeza de manter a decisão.
Aqui fica o primeiro de entre muitos mails trocados e a respectiva resposta. Deixo também os meus agradecimentos ao Parar.net e em especial à Anne, minha confidente e amiga virtual a quem, por mero acaso, coube em sorte. Sorte minha, acrescento, porque, com a sua sensibilidade e bom senso, soube dar-me o feed-back adequado que me ajudou neste propósito.

On 2/17/07, Zé Ruela wrote:
Olá,
Numa pesquisa na net encontrei o vosso site.
Tenho uma vida plena de actividade física, relacionada com o ar livre e o desporto. Tenho saúde e sempre me senti bem e, até ao momento, ainda não me apercebi dos efeitos nefastos do tabaco, a não ser o odor e o paladar menos apurados . Mas, toda a gente diz e concordo, o tabaco está a mais na minha vida e não condiz, em nada, com o meu estilo de vida.
De acordo com o teste da vossa página sou um fumador fortemente dependente.
Parei de fumar há 3 dias, após vária tentativas fracassadas. Dentro de poucas horas entrarei no meu 4º dia sem fumo (zero cigarros). A moral e a motivação estão fortes e sinto-me firmemente decidido a continuar esta luta e vencer a dependência. A minha ajuda está a ser um penso de nicotina diário. Estou tão optimista e decidido que, por vezes, coloco a hipótese de deixar a muleta da nicotina e continuar a luta sozinho, sem rede, mas não me atrevo a deixar a única ajuda que tenho.
Li tudo o que encontrei sobre estratégias para deixar de fumar e, em quase todas, figurava o único item, que não respeitei - pedir a juda de familiares e amigos.
Ainda ninguém se apercebeu, nem familiares nem amigos, que parei de fumar há quase quatro dias. E tb não informei ningém do facto além da info@parar.net a quem estou, neste momento, a dar a notícia. Para os familiares também não era fácil aperceberem-se porque não fumo dentro de casa nem no carro e muito raramente à frente de qq familiar. Não me parece pertinente esta dica de pedir o apoio de familiares e amigos e explico porquê: Esta luta é tão difícil que tem de ser forçosamente uma luta individual; se não o fazemos por nós próprios não me parece que o façamos seja por quem for. Corrijam-me se acharem que estou errado acerca desta questão.
Desde já, muito obrigado pelo vosso papel de confidentes anónimos.
Um candidato a ex-fumador.


Resposta do parar.net:

Prezado Zé,
Obrigado pelo teu email.
No teu caso particular, não nos parece estranho não partilhares essa tua decisão com familiares ou amigos. Pareces mesmo decidido e mais do que qualquer outro apoio, a própria força de vontade é o melhor auxiliar.
Cremos que com essa força de vontade e com o teu estilo de vida (muito desporto e o hábito de não fumar na presença de outras pessoas ou em lugares fechados) vais ser capaz de o deixar.
Muitas vezes o tabaco está associado aos momentos de partilha com amigos e familiares e aí precisamos deles para nos ajudar a deixar o vício. Não é o teu caso.
Desejamos-te muita sorte e damos-te os parabéns pela tua decisão e força de vontade!

Uma boa semana!

A equipa do parar.net

janeiro 24, 2009

Fora o árbitro

Nos primórdios do futebol, o árbitro era escolhido de entre a assistência, na hora de iniciar a partida. O jogo e as suas exigências evoluiram e agora, de tempos a tempos, em nome do rigor, fala-se em usar as novas tecnologias como meios auxiliares da arbitragem. Desta vez é o Braga que, descontente com os erros que alegadamente o prejudicaram, vem à carga com o assunto.
Na minha opinião, o recurso a instrumentos de observação que diminuam a componente humana, subjectiva, irá empobrecer o fenómeno futebolístico em vez de o enriquecer.
A paixão pelo futebol deriva de vários factores, quase todos imponderáveis e aleatórios que nada têm a ver com o rigor e a objectividade que se pretende introduzir. Em primeiro lugar, a inclinação por um emblema surge, quando surge, para dar resposta à necessidade de afirmarmos a nossa identidade individual e, por outro lado, porque o nosso ser social precisa que nos sintamos pertença de um grupo.
Para optarmos por um ou outro clube, serve perfeitamente a razão que, no momento da escolha, estiver mais à mão. Seja por motivos geográficas, afectivos, familiares ou por identificação com os vencedores, a verdade é que a escolha é feita de ânimo leve, por mero acaso sem qualquer racionalidade. Mas, depois de decidirmos qual é o nosso clube, ele passa a ser especial.
A força da paixão pelo futebol, para lá do espectáculo proporcionado pelo desempenho dos jogadores, reside na incerteza de um resultado aleatório, fruto de um conjunto de acções: a bola que entra, passa ao lado ou vai ao poste, o guarda-redes que defende "in extremis" ou deixa entrar uma bola fácil, o atacante que falha escandalosamente, o penalti que o árbitro não viu ou que só ele viu, o golo em que a bola não entrou, o golo bem ou mal anulado pelo árbitro...
Claro que todos nós somos a favor da verdade, mais ainda quando ela nos favorece. E somos contra a mentira, ainda com mais veemência quando ela nos prejudica.
Em nome da paixão que rodeia este fenómeno desportivo deixemos os homens errar com honestidade e boa fé pois, na vida e no futebol, no imediato, parece não haver justiça mas, no final, ela será feita.

janeiro 10, 2009

Palhaçadas

Notícias de corrupção, roubos e fraudes de todo o tipo, continuam, quase todos os dias, a ensombrar, cada vez mais, o já triste panorama do nosso país.
No público ou no privado, na política, na economia ou na justiça, a honestidade, a ética e a moral andam frequentemente arredadas dos exemplos que vêm de cima.
Esta semana soubemos que a Justiça, bem ou mal, resolveu entregar definitivamente a guarda da criança da Sertã ao pai biológico. Uma guerra que parecia interminável teve um desfecho imediato logo que o caso foi levado ao Tribunal Europeu.
Terá sido coincidência? Não me parece. E nem foi preciso o tal tribunal pronunciar-se para perderem todo o seu peso os argumentos até aqui invocados para protelar a decisão, no badalado "superior interesse da criança". Depreende-se que bem mais importante que o interesse da criança é o risco de os decisores ficarem mal na fotografia à luz dos critérios do dito tribunal.
Também esta semana, mais um caso na Assembleia da República. Foi repetida a votação sobre a suspensão do modelo de avaliação dos professores. O senhor Manuel Alegre esclareceu antecipadamente que, desta vez, iria votar contra a proposta para não ajudar a "salvar a face do PSD". Há umas semanas, juntamente com mais alguns deputados do seu partido, votou a favor, agora, sem que nada se tivesse alterado, votou contra.
Ou seja, para ele, era secundário se a medida em causa era correcta ou incorrecta. Que consequências iria ter para os visados ou para a Educação deste país também não contava. Podemos concluir que, mais importante que a justeza de uma lei, são as negociatas, as birras pessoais e o jogo partidário.
Com exemplos destes, dados pela nossa justiça e por um "arauto da liberdade", figura ilustre do nosso panorama político e cultural, ex-candidato a presidente da República, as coisas só podem piorar.