Hoje fui com a minha filha fazer as compras para a sua festa de aniversário. Ela lá sabia o que se compra – as guloseimas de todas as formas e feitios, os refrigerantes, os pratos, copos e guardanapos da Barbie... etc. E chegou a vez de a ouvir:
- Falta só o champanhe.
- Como?
- O champanhe para crianças.
- Mas as crianças também bebem champanhe?
- Não é bem champanhe. É só a fazer de conta.
- Vamos lá ver isso mas desconfio que não vais ter direito a nada.
- Oh pai, mas todas as festas dos meus colegas tiveram champanhe!
Levou-me ao sítio do dito e lá estava a tradicional garrafa de champanhe de 75 cl, marca Rik & Rok, e lá dentro “sumo de maçã gaseificado”, custo 1.89€.
- Nem penses, não vamos levar o champanhe.
- PORQUÊ?
E eu expliquei-lhe. Comprar as guloseimas para partilhar com os amigos, tudo bem; comprar as coisas da Barbie muito mais caras que outras iguais mas sem a tal etiqueta, enfim, é festa. Agora tentarem vender-nos sumo de maçã a 2,5€/L, a fazer de conta que é champanhe… isso já é gozar com a nossa cara. E não quero saber se todos os teus amigos compraram ou deixaram de comprar. Em compensação podes gastar naquilo que quiseres o que iríamos gastar no champanhe.
Aquiesceu sem mais fitas.
Quando vínhamos a caminho de casa, a propósito não sei de quê, ouço-a dizer:
- Pai, não sei porquê mas tu és o único adulto que eu admiro.
- Hein?
Fiz de conta que não levei a sério mas fiquei todo babado e a pensar se não terei sido mauzinho ao recusar-lhe o champanhe.
março 05, 2008
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2 comentários:
O meu caro Xeringas deve estar todo concho : a sua filha, além de imaginativa, revela grande inteligência (=adaptação a situações novas). Com essa manifestação de carinho pelo Pai mostra que é bem capaz de estar a capitalizar créditos para um futuro pedido de autorização paterna de um desejo mais importante do que o do champanhe «faz-de-conta».O que fará,então,o Pai babado? Olhe que eles são muito espertos!!!Abç
Pois é, caro aix, obrigado pelo comentário elogioso para a minha filha.
Cá estarei na expectativa do futuro mas sempre com equilíbrio defensivo para não ser apanhado em contra-pé.
Na problemática educativa, a questão do papel dos pais e respectivo relacionamento com os filhos, sempre me interessou mas... isso é o plano teórico em que sabemos tudo e conseguimos alinhar e conjugar todas as variáveis. O problema fica mais complicado quando passamos de espectadores a actores do processo.
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