maio 28, 2008

Lazarilho de Tormes e Galp VS Governo


As peripécias do cego Lazarilho de Tormes e do seu criado, livro do Séc. XVI de autor desconhecido, explicam as acusações mútuas entre o Governo e a Galp acerca do aumento dos preços dos combustíveis. Uma das situações mais engraçadas do tal livro é o relato acerca da uva que ambos comiam, bago a bago, o cego e o seu criado. A páginas tantas o cego, sem qualquer aviso, dá um valente tabefe no criado. E este questiona:
- Mas porque me bateste?
- Porque combinámos comer um bago de cada vez e tu, meu malandro, estavas a comer três
- Mas, como podes ter tal certeza se és cego?
- Elementar, meu caro. Comecei a comer dois bagos de cada vez e tu ficaste calado. Obviamente estavas a comer três.
A Galp e o Governo têm um protocolo para dividir a uva, perdão, para nos explorar com os combustíveis. O Governo mama cerca de 50% de ISP e IVA e a Galp fica com 8% para refinação. Ora, com os grandes aumentos do crude, ao contrário dos consumidores, tanto um como outro viram as suas margens de lucro passar de exorbitantes a indecentes. E daí as acusações mútuas de a outra parte ser responsável pelo aumento dos preços. Mas, afinal nenhum deles abdicou e lá vão continuando esta sangria que nos está a enfraquecer cada vez mais e ameaça paralisar alguns sectores da nossa economia.
Enfim a ganância já vem de longe e por cá continuará a vigorar.

1 comentário:

aix disse...

Mas mesmo escandaloso são as subidas no preço do gasóleo.Rubem, no blog «Blasfémias» escreve:
«O gasóleo é um produto secundário na refinação da gasolina, ou seja para fazer X litros de gasolina obrigatóriamente são fabricados como consequência directa Y litros de gasóleo, por isso é mais barato, a refinação é gratis, já está paga na da gasolina que até exportamos de Sines. Mas cobra-se internamente o preço do gasóleo praticamente igual ao da gasolina. As Empresas refinadoras tentam fazer o que melhor lhes convém na venda do que produzem».Portanto não são só os 8% resultantes da refinação.Aliás basta analisar os lucros.
Não sendo economista (tal como Cristo!)considero-me inabilitado a discutir a estrutura dos impostos. Já sobre a aplicação das verbas deles resultantes tenho a minha opinião que, por acaso, não coincide com nenhum dos governos por que até agora fui governado.