Hoje encontrei, casualmente, a minha amiga Cristina, na rua a deliciar-se com um cigarro. E disse-me que encomendou e está ansiosamente à espera de dísticos de PERMITIDO FUMAR. Vai colá-los no carro, bem visíveis do exterior, apenas como provocação aos justiceiros anti-fumo. E contou que andava triste com a forma como as pessoas, em geral, olham os fumadores; que se sente a ser julgada e condenada como criminosa. Alguns, acrescenta, ostentam mesmo o ar divertido de satisfação sádica com o novo estatuto dos fumadores, escorraçados para a via pública.
E dizia ela que, além da rua, neste momento, só podia fumar no carro, em casa e no Café à beira de casa e, mesmo aí, há discriminação pois, apesar de o fumo ser permitido, há quem reclame porque os extractores, dizem - arrefecem o ambiente.
2 comentários:
Li, há momentos, num jornal local de uma pequena cidade, que o número total de dísticos fornecidos pela Associação Comercial foi de mil para proibir o fumo e de apenas vinte a permitir. Sorte para a Cristina pois, em princípio, os que ela precisa não devem ter esgotado.
Referia o mesmo jornal que cerca de 90% dos espaços comerciais tinham "optado" por proibir o fumo.
"E contou que andava triste com a forma como as pessoas, em geral, olham os fumadores; que se sente a ser julgada e condenada como criminosa. Alguns, acrescenta, ostentam mesmo o ar divertido de satisfação sádica com o novo estatuto dos fumadores, escorraçados para a via pública."
Cara, a tua amiga Cristina provavelmente está cheia de razão, é humilhante de facto ver (e para mais agora de inverno) pessoas encolhidas de frio a chuparem o objecto do seu vício à entrada (para não dizer saída) das portas dos estabelecimentos comerciais. Muitos tiveram de acabar com o ritual do jornal, café e cigarrinho a meio da manhã.
Mas há a outra face da moeda e tu como fumador em abstinência a tua amiga Cristina como fumadora em actividade, vão-me perdoar a minha franqueza e perguntar-vos: durante quantos anos nós os não fumadores e muitos ainda por cima sofrendo de asma ou bronquite, não tiveram de abandonar os cafés e restaurantes só porque uns quantos não foram capazes de ao menos à hora da refeição refrear o seu vício? Quantos fumadores com o seu ar mordaz, sádico e divertido, a roçar o gozão, não fumavam o seu cigarro (e pior a porcaria das cigarrilhas que cheiram mal como bonicos) expelindo propositadamente o fumo para cima dos outros?
E vou mais longe quantos jovens (provavelmente ainda acontece) não se sentiram excluídos do seu grupo de amigos só porque não gostavam de fumar ou porque os pais os proibiam e eram marginalizados por isso?
Por muito que custe aos fumadores e tenho ouvido chamar os piores nomes a esta lei anti-tabaco, eu penso que é talvez a melhor lei dos últimos anos.
Perdoem-me os fumadores...
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