janeiro 04, 2008

Responsar

Ontem, quando ia sair, em viagem, não encontrei a carteira. Tinha lá vários cartões bancários - pessoais e da empresa, crédito, débito, livro de cheques etc, etc...
Os locais mais prováveis foram passados a pente fino, tive que atrasar a viagem em mais de duas horas mas a carteira não apareceu.
Hoje, após regressar da viagem, só por descargo de consciência, perguntei à mulher a dias se teria visto a dita. Disse que não e, passados uns cinco minutos, veio dizer-me de forma muito séria e convincente que já tinha rezado o responso e que dava bem, que a carteira não foi roubada e que iria aparecer. Eu nem respondi, fui apanhado de surpresa e fiquei de boca aberta a olhar para ela enquanto relembrava que, na minha aldeia, em Trás-Os-Montes, também se recorria ao responso nesta situação.
"No creo en brujas pero que las hay, las hay"; mas a verdade é que fiquei mais descansado com esta abordagem transcendental e, depois de ver na net que não há, para já, nenhum registo de movimento nas contas, resolvi não cancelar já os cartões nem os cheques e esperar o bom desenlace anunciado.

Responsar - Conjugar - do Lat. responsare v. tr., fazer responsos por; fazer responsos a um santo para aparecer o que se perdeu ou para afastar algum mal iminente.

2 comentários:

Barbaçana disse...

Há uns vinte e tantos anos atrás era eu solteiro e vivia comos meus pais, chegado tempo mais frio a minha mãe tratou de me procurar umas camisolas e outras roupas de lã que havia guardado no Inverno anterior. Tinha a certeza que as tinha guardado numa cómoda que herdara naquele ano de uma familiar próxima falecida. Abriu todas as gavetas mexeu e remexeu e camisolas e camisolões nem sinal. Resolveu então ir a uma vizinha mandar rezar o responso, levando-lhe como sinal de agradecimento pelareza um pacote de acuçar ou coisa que o valha como era hábito naqueles tempos. La veio toda contente porque a vizinha também lhe prometeu que as roupas não tinham sido roubadas e que ela "lhes tinha andado com as mãos por cima, mas não as tinha visto".
Dias mais tarde e esquecidas as roupas, foi preciso pintar a divisão da casa onde estava a cómoda da roupas de inverno e leva de tirar por completo todas as gavetas, para que o móvel ficasse mais leve e fosse possível mudá-lo de divisão e espanto dos espantos a roupa deinverno estava lá e de facto a minha mãe tinha-lhe andado com as mãos por cima,mas será possível que anão tivesse visto? Há uma explicação lógica e não é bruxaria. A antiga cómoda tinha uma particularidade interessante,para além das 4 ou 5 gavetas verdadeiras e com puxadores tinha uma última,verdadeira e disfarçada gaveta que estava dissimulada como se uma travessa do móvel se tratasse. Como a minha mãe se tinha limitado a abrir as gavetas com puxadores nunca se apercebeu da outra gaveta que embora verdadeira,não tinha puxadores e tinha de se abrir puxando por baixo. Ora apenas quando retirou as gavetas de cima para retirar o móvel se apercebeu do local onde verdadeiramente sempre esteve guardada a roupa.
Vá caro amigo,recebe um abraço deste teu amigo e faço votos para que a tua carteira também apareça sã e salva.

Zé Ruela disse...

Ontem, a mulher a dias ficou muito admirada quando lhe respondi que a carteira ainda não apareceu porque, diz ela, dá tudo bem. Mas fiquei a desconfiar de método tão pouco científico.Diz ela que deu tudo muito bem porque "rezou as três vezes e leu sempre bem" não se enganando nenhuma vez". - Como é que é, leu bem, isso é de LER? - perguntei. E ela esclareceu que não é bem ler, é rezar a oração de cor e, se não se enganar é sinal que está tudo bem. Sorte a minha de ela ter boa memória e não ser gaga!