janeiro 26, 2008

Afinal quais são os maus?

Desde que este governo tomou posse, tenho ouvido do pior acerca dos professores. Estava quase convencido que mereciam ser tratados daquela forma - malandros, cambada de mandriões, faltosos, etc. Em consonância com o discurso vi como foram maltratados com um estatuto realmente penalizador. Depois veio o diploma da avaliação e, recentemente, para os rebaixar ainda mais, o D.L sobre a gestão das escolas, ainda em discussão pública.
Espero bem que os políticos tivessem razões para os castigar porque, com ou sem culpas no cartório, a forma como têm sido tratados, geradora de desconforto e enorme mal-estar entre a classe, vai trazer consequências muito graves para a Educação que tanto precisava de outro tratamento.
Quando já estava quase a concordar com os políticos e a ajudar a bater nos professores, com a divulgação do estudo da "Gallup" realizado para o Fórum Económico Mundial de Davos, na Suíça, fiquei baralhado. Diz o estudo que os professores são, de longe, o grupo que inspira maior confiança, tanto em Portugal (42%) como na média dos restantes dezassete países onde os estudo se realizou (44%).
Os políticos aparecem na cauda do pelotão com o odioso de serem os menos confiáveis.
E são esses mesmos políticos que não merecem a confiança de ninguém que atacam assim os professores? Alguma coisa aqui me está escapar, ficarei ansiosamnente à espera de uma explicação. Mas quem poderá explicar? Políticos não!
Vamos supôr que estamos numa democracia e respeitamos a vontade dos cidadãos, manifestada no mesmo estudo, que defendia mais poderes para os professores e menos para os políticos. Então poderíamos pôr os políticos a provar o seu próprio veneno e incumbir os professores de legislar sobre matérias respeitantes aos políticos. E escolheríamos uma matéria de pouca importância, por exemplo - Regras para políticos retirados da política (benesses, mordomias, reformas chorudas, sinecuras, tachos nas empresas...). Acho que seria um exercício interessante e iria restituir alguma moral à classe política além de mais respeito dos cidadãos pelos políticos e vice-versa.

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