Acabei de ler no suplemento do JN que o melhor filme português foi Call Girl de António-Pedro Vasconcelos e Belle Toujours de Manoel de Oliveira, ex-aequo. Comentários para quê? O anormal devo ser eu já que a notícia do JN, não fazendo qualquer referência, depreendo que ache normal o facto de os dois títulos aparecerem em línguas estrangeiras.
Este é apenas um exemplo do uso injustificado e abusivo de estrangeirismos já que, em ambos os casos, existem palavras portuguesas para dizer o mesmo. No caso de Manoel de Oliveira, o erro já vem de trás, visto que se tratou de juntar os protagonistas e dar continuidade a um outro filme de há 38 anos - La belle du Jour, numa espécie de "remake", como eles dizem.
Mais um exemplo: Há dias recebi uma mensagem de correio electrónico (e-mail) de uma empresa portuguesa, "acabada de nascer", que se propunha ser uma "referência no sector do Coaching, Consulting e Training". E continuava referindo (sic) que "o Coaching faz com que o cliente (Coachee) descubra o resultado através de técnicas ... sugeridas pelo Coach. Todos os Coaches são certificados internacionalmente pela International Coaching Community... As áreas de Coach que a empresa cobre são: Executive; Business; Team (sport, inclusive); Life..."
Quando vejo a utilização gratuita de termos estrangeiros fico sempre com a impressão de alguém estar a recorrer à nobre arte de perfumar o peido ou, no mínimo, soa-me a falta de autenticidade. E se assim pensam elevar a imagem de marca do produto, comigo têm azar, neste caso não quero nada com o tal Coaching nem tão-pouco tenciono ir ver qualquer um dos ditos filmes.
A nossa língua não será suficiente para nos expressarmos? Fernando Pessoa disse - a minha Pátria é a Língua Portuguesa - mas, nesta aldeia global, até ele concordaria que o recurso a termos estranhos se torna inevitável em qualquer língua mas, como cidadãos, o respeito pela nossa língua, cultura e identidade não devia impor-nos alguns limites?
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