janeiro 10, 2009

Palhaçadas

Notícias de corrupção, roubos e fraudes de todo o tipo, continuam, quase todos os dias, a ensombrar, cada vez mais, o já triste panorama do nosso país.
No público ou no privado, na política, na economia ou na justiça, a honestidade, a ética e a moral andam frequentemente arredadas dos exemplos que vêm de cima.
Esta semana soubemos que a Justiça, bem ou mal, resolveu entregar definitivamente a guarda da criança da Sertã ao pai biológico. Uma guerra que parecia interminável teve um desfecho imediato logo que o caso foi levado ao Tribunal Europeu.
Terá sido coincidência? Não me parece. E nem foi preciso o tal tribunal pronunciar-se para perderem todo o seu peso os argumentos até aqui invocados para protelar a decisão, no badalado "superior interesse da criança". Depreende-se que bem mais importante que o interesse da criança é o risco de os decisores ficarem mal na fotografia à luz dos critérios do dito tribunal.
Também esta semana, mais um caso na Assembleia da República. Foi repetida a votação sobre a suspensão do modelo de avaliação dos professores. O senhor Manuel Alegre esclareceu antecipadamente que, desta vez, iria votar contra a proposta para não ajudar a "salvar a face do PSD". Há umas semanas, juntamente com mais alguns deputados do seu partido, votou a favor, agora, sem que nada se tivesse alterado, votou contra.
Ou seja, para ele, era secundário se a medida em causa era correcta ou incorrecta. Que consequências iria ter para os visados ou para a Educação deste país também não contava. Podemos concluir que, mais importante que a justeza de uma lei, são as negociatas, as birras pessoais e o jogo partidário.
Com exemplos destes, dados pela nossa justiça e por um "arauto da liberdade", figura ilustre do nosso panorama político e cultural, ex-candidato a presidente da República, as coisas só podem piorar.

3 comentários:

AG disse...

Ainda tens ilusões??

Anónimo disse...

Alguma coisa há-de estar errada para os professores estarem tão certos e unidos nas suas posições.
Da parte da sociedade não docente ficou, a meu ver, uma dúvida:
- Querem os professores ser avaliados?

A Magalhães

Anónimo disse...

A corrupção, os roubos e as fraudes resultam da natureza humana ou são produto da organização social? Não sou ingénuo ao ponto de crer que o homem é naturalmente bom. E não é por acaso que o povo diz que “a ocasião é que faz o ladrão”. Sendo assim, serão as leis (e o rigor do seu cumprimento) que devem assegurar a moralização dos comportamentos. Acontece que há leis que compensam o “crime” (os grandes roubos, por exº). Já Sólon falava em leis iníquas. E o que mais há é leis que, sendo justas, não são cumpridas, sem que se verifique o devido castigo. Por outro lado, os comportamentos individuais são pautados pelos padrões éticos de cada um. Em relação à figura pública citada – o cidadão Manuel Alegre – para mim nunca foi referência: tenho grande desprezo por atitudes de arrogância de superioridade moral e por quem se julga protótipo de virtudes cívicas, sobretudo vindas de quem, na sua vida pública, constam abundantes traições a correligionários, a começar pelo «grupo de Argel» antes do 25 de Abril. Além de que se tem servido da AR para fazer a sua promoção pessoal, mas isso também resulta da forma de eleição dos deputados. A liberdade de consciência só pode ser garantida através de eleições uninominais com responsabilização directa juunto dos seus eleitores. Independentemente da volatilidade dos votos por motivos meramente partidários (um partido até votou a favor e se absteve na mesma matéria) penso que na questão da avaliação os profes têm tido uma atitude fortemente corporativa. Andei por lá mais de 40 anos e reconheço que beneficiei de algumas vantagens comparativas...