fevereiro 29, 2008

Cartas de amigo

Havia as cartas de amigo, de escárnio e de mal-dizer, ou seriam as cantigas? Esta que colo em baixo, é uma carta de de amigo, aliás, amiga, e trata-se de um mail que acabei de enviar a uma amiga muito querida. Pela resposta que aqui deixo, dá para ter uma ideia acerca do teor da mensagem recebida que, obviamente, não divulgarei. Fiquei tão orgulhoso da confiança depositada que resolvi partilhar aqui no blogue.

"Olá, F...,
Muito obrigado por me teres escolhido como confidente especial. Ser o primeiro a ter a honra de ler o teu livro sensibilizou-me até à medula e garanto-te que o que acabei de escrever não é uma figura de estilo.
Eu sei que existe, no plano mental, uma forte cumplicidade entre nós. Também sabemos que é humano e compreensível existir um certo pudor em nos expormos; mesmo entre pessoas que, como nós, têm já um vasto historial de inter-acção intelectual. Essa fragilidade engrandece-te em vez de te rebaixar. Estive todo o dia ausente e, ao chegar a casa, após ler o teu mail, decidi, de imediato, apesar da grande curiosidade que sentia e continuo a sentir, começar a ler só depois de responder a este mail para te prometer solenemente que vou ser completamente honesto na minha apreciação pessoal. Aliás não esperas de mim menos do que isso.
Vou ler e analisar, sem ideias pré-concebidas, com o máximo de isenção, objectividade e rigor que conseguir. Mas uma coisa te posso dizer desde já - aquilo que escrevemos está numa correlação quase perfeita com aquilo que somos e, se bem te conheço, tu nunca conseguirás escrever mal. A única forma que imagino que poderia, eventualmente, afectar o teu estilo habitual, seria o risco de ficares condicionada em função do público a quem o livro se destina. Porque, se te limitares a ser tu própria, o êxito está garantido.
Bj
....

P.S. Agora vou ler o teu livro"

fevereiro 26, 2008

Os fumadores são porreiros

Li, não sei onde nem quando, que os fumadores são mais desprendidos do dinheiro, menos forretas e, ao que parece, dão melhores gorgetas, ou seja, são uns porreiraços. Hoje assisti a mais uma demonstração disso mesmo, ou seria coincidência?
Vinha a conduzir pela E.N.14, nas calmas, quando ouço, atrás de mim, o som de uma sirene. Olho pelo retrovisor e lá estavam os tais de quem dizemos que nunca aparecem quando são precisos. Não foi o caso como vamos ver. Tentei perceber o que é que eles queriam e comecei a encostar à berma pois, se eles decidem lixar-nos, o melhor é pormo-nos a jeito. Mas a berma era estreita e, para não embarrilar o trânsito, achei melhor ir andando e parar onde houvesse mais espaço. Assim fiz, uns 200 metros mais à frente. Eles, os senhores da Brigada de Trânsito, pois está bom de ver de quem se tratava, abrandaram só para me dizer:
- Está autuado - ao mesmo tempo que fazem o gesto de quem fala ao telemóvel.
E seguiram a vidinha deles sem mais delongas. Reentrei na estrada e, por coincidência, acabei por seguir atrás deles por 2 ou 3 quilómetros. E coincidência ainda maior, acabaram por parar a menos de 50 metros do local para onde me dirigia. Nem hesitei, fui estacionar ao lado deles. Enquanto um entrava numa loja o outro saia do carro e acendia um cigarro. E, antes que pensassem que os ia multar, fui logo avisando:
- Sr. guarda, não estou a persegui-lo, eu ia a esta Escola aqui em frente e calhou os senhores pararem. Aproveitei para vir perguntar o que é que se passou porque eu não percebi muito bem.
- Já lhe dissémos que vai ser autuado. Vinha a falar ao telemóvel, aos "esses", e isso dá uma multa graúda, até pode dar apreensão de carta.
- Aos "esses"? Não me apercebi de tal mas, se o senhor o diz...
- Sim, apercebi-me eu e as pessoas que vinham comigo - Olhei e constatei que havia, de facto, mais duas pessoas no banco de trás.
- Graúda? mas quanto? - perguntei
- Cento e vinte euros
- Eh pá... mas apreensão de carta, como é?
- É uma infracção muito grave, se já tiver outras...
- Não, não tenho outras.
- Então já o problema não é tão sério.
E ele, de forma amigável, fez as perguntas típicas dos polícias - o que é que eu fazia, para onde ia... E eu respondi a tudo.
- Olhe, vá lá à sua vida e passe a ter mais cuidado.
- Ora essa, vou ter todo o cuidado do mundo.
Ele lá continuou a saborear o cigarro enquanto eu me afastava a pensar porque motivo me terá perdoado a infracção tão depressa e mesmo sem eu ter pedido nada. Seria para não se chatear enquanto fumava o seu cigarro?

fevereiro 25, 2008

O feitiço da Lua

Esta manhã, quando ia mudar a água às azeitonas, na verdadeira acepção da palavra, lembrei-me que era o primeiro dia de lua nova. Já não mudei a água, nem sequer toquei nas ditas, não vá o diabo tecê-las. Yo no credo en brujas, pero que las hay, las hay!
Desde há muito que a cultura popular manda planear o trabalho de acordo com as fases da Lua, principalmente as actividades relacionadas com as culturas e manuseamento das plantas, frutas, vinho etc.
A ignorância é atrevida e, frequentemente, quando não percebemos a relação causa – efeito, concluímos que não somos supersticiosos e, do alto da nossa sabedoria, dizemos que não acreditamos nessas tretas. Uma atitude mais humilde ficava-nos bem e levar-nos-ia a considerar a possibilidade de haver alguns fenómenos que ainda escapam ao nosso entendimento.
Qualquer um de nós, através de uma simples pesquisa na net, pode tirar as suas próprias conclusões mas parece não haver dúvidas que, além das marés, sofremos outras fortes influências provocadas pela posição do nosso satélite natural.

fevereiro 23, 2008

Sabe-me dizer, por favor…?

Hoje, ao levar a minha filha a uma festa de aniversário, à procura da rua da Estrela, pude constatar, mais uma vez, o quanto as pessoas gostam de ser prestáveis mesmo sem condições para tal. Quando se pede uma informação acerca de um endereço, se a pessoa souber, diz-nos. Claro que, frequentemente, o excesso de detalhes acaba por baralhar de tal forma que torna inútil a informação. Mas a maior dificuldade é quando perguntamos a quem não sabe mas, mesmo assim, insiste em mostrar os seus conhecimentos acerca de outras ruas ou justificar porque não sabe. Foi o que me aconteceu hoje; perguntei ao caixa do supermercado, enquanto me fazia o troco; ele não sabia mas tinha pena e insistiu em dar-me uma lição sobre a geografia da zona. Tive que lhe pedir para me dar o troco para eu poder ir perguntar a quem soubesse. Ficou desconcertado com o meu pedido.
Finalmente, quando encontrei, o dono da casa perguntou-me:
- É fácil de encontrar, não é?
- Para quem souber é fácil.

fevereiro 22, 2008

Tempo de reflexão

Desde que retomei a escrita deste blogue, no final de 2007, tenho mantido uma produção bastante regular. Até eu próprio me admiro com a quantidade de coisas que aqui fui escrevendo.
Já referi, há dias, que estava a fazer um esforço no sentido de fazer o blogue ganhar algum lanço e esperar que, com o tempo, fosse ele a puxar por mim. Isso não está a acontecer. Eu estou a puxar por ele mas ele continua a não puxar por mim.
Por um lado, é esta a avaliação que faço nesta altura, “ as coisas vulgares da vida de todos os dias” sobre as quais tenho escrito, de forma bem assumida desde o início, terão um interesse muito discutível. Por outro lado, não estando à espera de um milagre que fizesse surgir uma obra-prima, tinha alguma esperança de fazer surgir alguma discussão acerca dos temas aqui abordados. Como, até agora, tal não foi conseguido, deixarei de manter a regularidade anterior e passarei a escrever de vez em quando, usando apenas a inspiração (se ela surgir) e deixarei de lado a transpiração.

fevereiro 19, 2008

Regresso ao tabaco

O vício do tabaco é, de facto, um condicionamento muito forte e para toda a vida. Não reagimos todos da mesma forma mas, pelo que tenho constatado, mesmo após longos períodos de abstinência, o tabaco continua sempre presente na nossa cabeça. Não há dúvida nenhuma que se trata de um hábito incomparavelmente mais fácil de adquirir do que de perder.
Há quase um ano, quando eu estava apenas com quinze dias de abstinência, o meu amigo H. B., estava sem fumar havia quinze meses. Com a sua pedagogia de desvalorizar os meus quinze dias, espicaçou a minha motivação. A partir daí, a minha tentativa para parar, à medida que se estendia no tempo, foi ganhando o respeito dele e deixou de ser motivo de gozo.
Agora que ele estava já, desde há 27 meses sem fumar, as contingências da vida levaram-no a voltar a experimentar. Começou por fumar um cigarro em dias mais complicados; passou a fumar também em alturas mais conturbadas e depois nos momentos de stress que, infelizmente, têm sido muitos. Agora, ao que parece, está a começar a entrar na rotina de fumar porque sim.
Meu caro H.B., fico a torcer para que tenhas a serenidade suficiente para pensar e decidir o teu rumo antes de te deixares embalar pela onda que te está a arrastar.

fevereiro 17, 2008

Portugueses e portuguesas!

Passei os últimos dias a ouvir intervenções públicas e a irritar-me, de vez em quando, com a forma de alguns oradores se dirigirem ao auditório discriminando o masculino e o feminino dizendo, por exemplo - meus senhores e minhas senhoras!
Faz parte das regras dirigirmo-nos a um grupo usando a forma masculina para englobar todos (os senhores e as senhoras, caros e caras, amigos e amigas...).
Mesmo que haja apenas um senhor no auditório, diz a regra que se use a forma masculina.
Não consigo habituar-me a esta forma de alguém se exprimir (ou será espremer?) que já é quase uma moda. Esta redundância soa-me a discurso vazio e, no mínimo, deixa-me de pé atrás à espera que tentem vender-me alguma coisa.
Serei demasiado susceptível?

fevereiro 14, 2008

Um ANO sem fumar

Completa-se hoje um ano desde que deixei de fumar.
Em jeito de "Comemoração" dos dez e onze meses sem fumo, relatei a minha experiência aqui no blogue. Nesta altura, ao completar um ano, seria normal estar tão eufórico da "proeza" alcançada que ninguém me conseguiria aturar e, como tal, a motivação para "comemorar, escrevendo sobre o assunto, deveria ser grande. Afinal não estou com grande vontade de o fazer e vai ser mais um dever que um prazer por achar que se trata de um marco que, do ponto de vista pedagógico, como reforço da motivação, não devo desprezar. Mas posso concluir que são boas as razões que me levam a esta "indiferença". Afinal, após um ano, com a aposta ganha (lagarto, lagarto, lagarto) e o facto de não fumar, embora me deixe feliz, já habituado à nova condição, deixa-me apenas a alegria serena, quase indiferença.
No início do processo, temia o fracasso; não por falta de confiança na minha força de vontade mas por recear que, após o ímpeto inicial, quando não fumar passasse a ser uma coisa banal, deixasse de ter uma causa tangível para a minha luta. Felizmente os meus receios não se confirmaram. Tenho de concluir que também aqui se aplica a 3ª lei de Newton - a acção (vontade de fumar) é igual à reacção (força de vontade para lhe resistir). Mas o processo é dinâmico e, com o tempo, esta equação desfaz-se e o fiel da balança começa a jogar, cada vez mais, a nosso favor - por um lado a vontade de fumar diminui e, por outro, a motivação aumenta através da satisfação pessoal que acompanha o sucesso.
Em jeito de autoavaliação devo dizer que esta mudança me trouxe quase só coisas boas. As más estão ultrapassadas e são apenas as que se prendem com a angústia inicial gerada pela mudança de hábitos. E não me parece que a parte mais difícil tenha sido a ressaca pela ausência de nicotina no organismo. Penso que a mudança de hábitos relacionados com o ritual de gestos associados ao acto de fumar, foi, no meu caso, a parte mais difícil. Mas até nem posso dizer que me tenha custado muito. Tomada a decisão de retirar o tabaco da ementa, após os factos relatados em Faz hoje dez meses, não me lembro de, alguma vez, ter tido uma tentação suficientemente forte que exigisse um grande esforço para lhe resistir.
Mas, afinal, o que mudou com a nova condição?
As mudanças são pouco visíveis porque, além de saudável, sempre estive numa forma física razoável mas, mesmo assim, são mais do que estava à espera:
• Condição física melhorada na generalidade dos indicadores.
• Pulsação em repouso desceu para 54 batimentos p.m.
• Idade metabólica (dizem os técnicos) - 44 anos.
• O peso aumentou 2 kg - nunca fui gordo e toleraria mesmo um aumento mais acentuado. O aumento deveu-se, predominantemente, ao acréscimo de massa muscular por efeito do treino mais regular.
• Tosse frequente desapareceu
• Rouquidão e fadiga precoce da voz desapareceram, aspecto muito importante para quem a voz, como é o meu caso, é ferramenta de trabalho.
• Congestionamento das vias aéreas respiratórias que, frequentemente, me perturbavam a inspiração e, por vezes o sono, desapareceu.
• Durmo muito melhor e acordo mais repousado.
• Do ponto de vista psicológico os efeitos são enormes - a sensação de bem-estar com a auto-estima bem alta acompanha-me permanentemente e faz de mim uma pessoa mais feliz, tolerante, paciente e disponível.
• Ah, e já me esquecia, outro efeito nada negligenciável - estou mais rico! Com o dinheiro que deixei de gastar (cerca de 1.725€) juntei-lhe uns trocos e fiz um PPR no valor de 1.750 euros.
• Além de tudo isto, as limitações ao direito de fumar, agora mais acentuadas com a entrada em vigor da nova lei, deixaram de me incomodar.

Parece que fiz o melhor negócio do mundo com o qual estou de facto muito satisfeito.
Daqui por um ano, prometo nova crónica.

fevereiro 13, 2008

Roubo e gozação

Diz o «Correio da Manhã» que Fátima Felgueiras pagou parte das despesas do exílio no Brasil com dinheiro da câmara municipal de Felgueiras.
Ignorou um mandado do Tribunal de Guimarães que ordenava a sua prisão preventiva e viajou para o Brasil. Para compôr o ramalhete, com o pêlo do mesmo cão, não só desobedeceu à nossa Justiça como nos pôs a pagar a factura do advogado que evitou a prisão preventiva e consequente extradição. Documentos citados pelo «Correio da Manhã» demonstram que a autarca assinou cheques na ordem das centenas de milhar de euros da câmara para se pagar a si própria e aos seus advogados.
Vale tudo? Que confiança podemos ter nos nossos legisladores e nas leis que fazem ou deixam de fazer permitindo que o nosso País seja gozado desta forma?

fevereiro 12, 2008

Apito acelerado

Está visto que a morosidade da justiça é tanto culpa dos juízes como o estado do ensino é culpa dos professores ou o funcionamento da administração pública é culpa dos funcionários públicos ou o estado...
Graças ao desempenho do juiz, o julgamento acabou mesmo por iniciar-se apesar das dúvidas sobre o tal pormenor processual que se previa que viesse a causar mais um adiamento
Mesmo assim, um dos advogados adiantou que vai recorrer desta decisão, reclamando do "excesso de celeridade" e argumentando que não deveria ter sido o juiz do julgamento a dar seguimento à ordem do Tribunal da Relação. Além disso, considerou que o "excesso de celeridade" no início do julgamento do processo provocará, provavelmente, inconstitucionalidade em alguns actos processuais.
- Excesso de celeridade - disse ele!
Em função da capacidade da sala de audiências, depois de introduzir um representante por cada por órgão de comunicação social restaram apenas 11 lugares para contemplar os populares que, nesta situação, aparecem sempre para ver o circo. Mas, ao que parece, os candidatos a um lugar na plateia também não eram muitos... Será que o assunto já deu o que tinha a dar e, depois de ser "julgado" nos meios de comunicação social, o julgamento no tribunal já perdeu todo o interesse?

fevereiro 10, 2008

Apito parado

Parece que o julgamento do apito dourado ainda não é desta que vai começar.
Passados quatro anos, com enormes recursos ali concentrados, milhares de euros gastos e tudo continua parado.
Primeiro foram as sete escutas telefónicas apagadas que atrasaram. A defesa preferia as obras completas e entendeu que não deviam ter sido apagadas sem o seu consentimento. Esta de os réus não deixarem apagar não percebi. Terá a ver com direitos de autor, visto que as vozes gravadas eram deles?
Agora, segundo dizem, o motivo do adiamento (ou será o pretexto?) prende-se com uma assinatura que faltava mas que já não falta desde Março; porém, para o efeito, faz-se de conta que falta pois, se não fosse a assinatura, lá haveria de aparecer outro motivo e, pelo sim pelo não, adia-se para cumprir a tradição.
Até parece que as coisas iam começar a andar com as audiências a realizarem-se todos os dias úteis, ao ritmo de quatro sessões semanais, mesmo à sexta-feira. Até mesmo à sexta-feira, imagine-se. Só não sei como é que fizeram as contas para terem quatro sessões em cinco dias úteis.

fevereiro 09, 2008

Onde pára o simplex?

Os pequenos artesãos, depositários dos saberes tradicionais, passados de geração em geração, estão a desaparecer. Os cestos de vime, os socos de madeira, as meias de lã, as peças de olaria, os capotes de palha, os pequenos objectos de toda a espécie, passarão a ser apenas uma lembrança. Em recente reunião de operadores de turismo, realizada em Montalegre, acerca da Carta Europeia do Turismo sustentável fiquei a saber que a mesma legislação que era suposto proteger e enquadrar a actividade dos pequenos artesãos acaba, ao invés, por lhes dar o golpe de misericórdia. Diz o sítio Web do IAPMEI que a Comissão Nacional para a Promoção dos Ofícios e das Microempresas Artesanais considerou fundamental propor ao Governo a aprovação do estatuto do artesão e da unidade produtiva artesanal, que, designadamente, institui os respectivos processos de acreditação.
Suponho que compete a essa tal Comissão para a Promoção dos Ofícios fazer aquilo que o seu nome indica. Pelo que vejo, não tem desempenhado eficazmente o seu papel visto que a produção dos pequenos artesãos, muitos deles a exercer a sua actividade em tempo parcial, frequentemente ao serão ou enquanto guardam os rebanhos, está a desaparecer. As citadas burocracias transformam-se em constrangimentos que os pequenos artesãos não sabem ou nem estarão interessados em ultrapassar, preferindo abandonar a sua arte a ter que fazer face a esses entraves. Suponho que o estado, ao regular a actividade, é assim que lhe chamam, pretendia, tão só, ir sacar o seu com a aplicação dos impostos da praxe. Infelizmente não vai sacar coisa nenhuma e todos ficaremos mais pobres.

fevereiro 08, 2008

As virgens ofendidas

O director da PJ, em entrevista na tv, admitiu ter havido precipitação quando Kate e Gerry McCann foram constituídos arguidos.
Até aqui tudo bem, a liberdade de expressão é para todos. O homem tem todo o direito de dar a sua opinião e deu-a. Certo?
Quem se sentiu atingido tem todo o direito e liberdade de responder se assim o entender e tiver oportunidade para tal. E ponto final! Certo?
Errado, Sr Alípio Ribeiro, o senhor ainda deve estar, a esta hora, a ver e rever as suas declarações para tentar perceber no que se meteu. Vejamos alguns exemplos das reacções suscitadas:
• O juiz desembargador Eurico Reis diz que o Director Nacional da Polícia Judiciária "não mediu a gravidade das suas declarações"
• O deputado Nuno Melo disse que Alberto Costa não devia demitir Alípio Ribeiro mas sim dar explicações sobre as polémicas declarações
• Santana Lopes admite que ficou "surpreendido e considerou que só "razões muito fortes" podem explicar as declarações
• Foi pedida a opinião do Presidente da República que se escusou a comentar
• O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público criticou os responsáveis de organizações que falam sobre processos pendentes.
• O ministro da Justiça manifestou-se disponível para prestar declarações no Parlamento sobre as polémicas declarações.
• Marcelo Rebelo de Sousa considerou «gravíssima» a declaração do director da Judiciária
• Jorge Coelho considerou que as declarações de Alípio Ribeiro foram infelizes

Em jeito de desabafo - as declarações poderão ter sido infelizes e inoportunas e terem desagradado a alguns mas…
. As reacções não serão exageradas?
. Não estarão estas eminências pardas, a fazerem-se de virgens ofendidas, sempre prontas a chafurdar nas fraquezas alheias, aproveitando todos os pretextos para chamar a atenção mesmo que seja discutindo o sexo dos anjos?

fevereiro 07, 2008

Entregar o ouro ao bandido

Segundo dados compilados pela Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira, entre 2002 e 2005, quase metade das investigações da Polícia Judiciária sobre corrupção estão relacionadas com autarquias locais. E mostram que, em 2005, o número de processos de corrupção que saiu deste departamento com proposta de acusação aumentou significativamente.

É hoje notícia que o governo se prepara para descentralizar competências e entregar mais dinheiro às autarquias locais.

A Associação Nacional dos Municípios Portugueses já emitiu um parecer favorável, ai não, à vinda de mais dinheiro e mais competências para as câmaras - gestão, construção e manutenção das escolas do Ensino Básico. Falta apenas acertar alguns pormenores com o Governo para que o decreto vá a Conselho de Ministros, o que acontecerá até ao fim do mês.

Mas isto não será entregar o ouro aos bandidos?
Será por estas e por outras que os políticos, de acordo com estudo realizado recentemente, são a classe que merece menos confiança?

fevereiro 06, 2008

Justiça à portuguesa

Hoje foi notícia que a equipa de coordenação do processo Apito Dourado vai investigar Jorge Nuno Pinto da Costa por mais três anos, num processo catalogado por crimes fiscais e de branqueamento de capitais.
E eu questiono:
Qual é o interesse para a averiguação dos factos de se pôr a circular esta notícia, seja verdadeira ou seja falsa?
Mas porquê três anos? Pretende-se, de facto, investigar ou empalear por um determinado período de tempo, três anos neste caso?
Desde quando é que as investigações se fazem por um período de tempo e não em função dos indícios em causa?
E não terminam quando se conclui da existência ou não de ilícitos?
E se, em pouco tempo, se concluir que o homem está inocente? Vão, mesmo assim, andar encima dele até se esgotarem os três anos?

fevereiro 04, 2008

Sementeira

Hoje dediquei-me à sementeira.
Num germinador semeei bróculos e também plantas aromáticas - orégãos, salsa, tomilho, segurelha e coentros. Noutro tabuleiro semeei couve penca da Póvoa, cebola branca de Lisboa, tomate marmande extra e tomate coração de boi.
Comecei por colocar turfa, quase até cima, calquei um pouco, coloquei uma semente em cada favo, cobri com mais turfa, reguei com muito cuidado e coloquei os germinadores na estufa.
Agora é só esperar que o milagre aconteça e ir espreitando ansiosamente para ver a vida a despontar da terra. Esta fase, como na vida em geral, é, sem dúvida, a mais agradável e emocionante de todo o processo - esperar o nascimento de novas vidas.
Dentro de três dias teremos outra vez a lua nova, esperemos que não haja influências negativas.

fevereiro 03, 2008

Profissão: Formando

Fiquei a saber, há dias, que existe, se não como profissão, pelo menos como ocupação de longa duração, a situação de – formando. Em reunião do sector do turismo em que estive presente com vários operadores, equacionava-se a necessidade da oferta de formação. Foi constatada a sua pertinência mas alguém alertou para o facto de aparecer sempre muita gente para a formação mas a maior parte dos candidatos não querer trabalhar e estar interessado apenas na formação.
Como é?
Falei com outras pessoas que me confirmaram o que eu não acharia possível, mas sim, é isso mesmo.
Parece que há entidades que existem para fazer formação e têm uma bolsa de clientes habituais, sempre dispostos a colaborar. Segundo me disseram, há sempre interessados em receber a bolsa de formação + subsídio de almoço + deslocações + subsídio para infantário, se for o caso. Além de não terem necessidade de "dar o litro", com a falta de ambição que, inevitavelmente caracteriza quem opta por tal "profissão", fica composto o quadro que, pelos vistos, se vai mantendo com a aparente complacência de quem deveria moralizar tal situação.
Também soube que o controlo, que também existe, é uma excepção e não uma regra, o que tem permitido alimentar este fenómeno verdadeiramente lamentável de desvirtuar um potencial factor de desenvolvimento transformando-o num objectivo em si próprio.