janeiro 31, 2008

Somos aquilo que comemos

"Não sou esperto nem bruto
Nem bem nem mal educado
Sou simplesmente o produto
Do meio em que fui criado"

António Aleixo
Ao ler um artigo sobre nutrição com o título «Somos aquilo que comemos», extrapolei da nutrição para a socialização e respectivo processo de formação dos cidadãos que somos. E podemos concluir que, também neste capítulo "somos o que comemos". E isso fez-me evocar um texto que escrevi, há já uns anos, e que continua actual e aqui colo, com algumas adaptações:

O nosso país sofre de um mal de letargia endémica. É uma autêntica pescadinha de rabo na boca a produzir e reproduzir os males e malefícios que nos vão afundando cada vez mais. Os cidadãos do país que deu «novos mundos ao mundo» não são, em nada, inferiores aos seus pares de outros países que, em quase todos os rankings olhamos de baixo para cima. A sucessão de governos que fazem de conta que governam transformou-nos num autêntico cemitério onde os mortos-vivos pululam e vão fazendo de conta que estão vivos e se movimentam, ao sabor da maré, sem chama e sem entusiasmo.
Tudo se resume a uma postura derivada de uma mentalidade que se foi construindo de equívoco em equívoco e que deixou a generalidade da população sem moral e sem objectivos. E o exemplo que vem de cima não nos recomenda. O Estado não garante a justiça e a execução das leis; não nos respeita nem tem uma atitude pedagógica no trato com os cidadãos, não é pessoa de bem, não paga a horas mas exige de nós de forma unilateral. Os nossos governantes e gestores públicos esquecem-se que estão num país pobre em que a generalidade da população tem carências de toda a ordem mas não prescindem (os detentores do poder) de esbanjar o que nos sacam em todo o tipo de benesses e mordomias como reformas chorudas e precoces, automóveis topo de gama, assessores aos montes...
O modelo de cidadão que temos no nosso imaginário colectivo é um consumista, com um bom carro, férias no estrangeiro, tudo do bom e que ganha muito dinheiro e trabalha muito pouco. E para obter isto vale tudo - endividamento, fuga aos impostos, falcatruas, corrupção... E a base que devia suportar estas aspirações - a dedicação ao trabalho e a produtividade consequente não são possíveis. Porquê? porque as empresas não investem porque não podem, não querem ou não sabem e os trabalhadores são mal pagos e estão descrentes e como tal não pode haver sucesso. Para manter o nível de vida que ambicionamos, fazemos mais umas coisas por fora. Os polícias conduzem um táxi ou fazem segurança, os professores dão explicações, os políticos fazem umas habilidades, o mecânico, o trolha, o picheleiro, etc fazem mais uns biscates, outros vendem seguros, apartamentos ou tuperwares, os administradores de empresas acrescentam mais umas quantas ao rol, os médicos desdobram-se como podem, etc. Enfim todos tentam desenrascar-se para fazer face ao consumismo vigente. E, claro que assim não podemos render na nossa actividade principal e, mesmo aqueles que se encontram motivados e tentam desenvolver um trabalho sério acabam por ser apanhados nas malhas do marasmo e a duvidar se é assim que deve ser ou se não deverão fazer como os outros que se desenrascam e «têm sucesso». E a nossa juventude, imbuída desse mesmo espírito, não se dedica seriamente ao estudo e não pode ter sucesso. E o insucesso leva ao abandono escolar e à iliteracia generalizada, entrada precoce no mundo do trabalho e falta ou inexistência de quadros técnicos ou baixa qualificação profissional. E, como o trabalho não nos realiza, temos baixa auto-estima e vamos para a estrada procurar a realização, armados em reis, com as consequências que sabemos. E a baixa produtividade estende-se à saúde, justiça, fiscalidade e temos o quadro que bem conhecemos.
Quando sairemos disto?

janeiro 30, 2008

Bastonário 2 – Políticos 0

O Bastonário da ordem dos advogados voltou a repetir, ontem, na cerimónia de abertura do ano judicial, alto e bom som, as acusações que já fizera e que tanto parecem ter incomodado alguns políticos. Andei distraído ou, da segunda vez, já nem houve reacção por parte destes?
Fico com a nítida sensação de que, em vez de se pretender apurar responsabilidades e fazer justiça, nas entrelinhas do que foram as várias reacções, transparecia outro género de preocupações, centradas no denunciante e não nos factos denunciados.
Parece que a toda gente conhece os factos em causa e o inquérito prometido se destina apenas a criar a ilusão que se vai fazer alguma coisa enquanto a poeira do esquecimento não acaba de assentar.
Ou estarei enganado?
Plus ça change, plus c'est pareil!

janeiro 29, 2008

Abertura do ano judicial

Ao ver a reportagem da cerimónia de abertura do ano judicial, chamou-me a atenção a quantidade de artistas, quase todos pagos pelo Estado, que são necessários para fazer a dita abertura.
O artista número um nesta matéria, o ministro da Justiça, depreendo que seria imprescindível para abrir capazmente o ano judicial, começou assim o seu discurso: (Não vou colar aqui o discurso, isto é só para ter pé de dizer quem são os artistas que são necessários para abrir o ano Judicial como deve ser):
Senhor Presidente da República
Senhor Primeiro-Ministro
Senhor Vice-Presidente da Assembleia da República
Senhor Presidente do Supremo Tribunal de Justiça
Senhor Presidente do Tribunal Constitucional
Senhor Procurador-Geral da República
Senhor Presidente do Supremo Tribunal Administrativo
Senhor Bastonário da Ordem dos Advogados
Sua Eminência Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa,
Senhores Ministros da República para os Açores e Madeira
Senhor Provedor da Justiça
Senhores Presidentes dos Tribunais Superiores
Senhores Procuradores-Gerais Distritais
Senhores Magistrados Judiciais
Senhores Magistrados do Ministério Público
Senhores Advogados
Excelentíssimas Autoridades Civis, Religiosas e Militares
Minhas Senhoras e Meus Senhores
XVII Governo Constitucional - presente, pela primeira vez, nesta cerimónia de abertura do ano judicial.
E, ao que parece, por lá passaram a tarde porque isto de abrir o ano judicial não deve ser pêra doce.
Deve ter custado um balúrdio ao erário público, muitas tarefas ficaram por fazer, principalmente na justiça mas não havia outra solução, já estamos no fim de Janeiro e alguém tinha de abrir o ano judicial, seja lá o que isso for.

janeiro 28, 2008

Apupos

Parece que os deputados do PS têm recebido muitas queixas de cidadãos, nomeadamente de professores acerca dos procedimentos prepotentes por parte do governo e pretenderam questionar elementos da equipa ministerial da Educação, Ministra incluída. Mas a reunião não terá corrido bem e acabou com acusações mútuas e a equipa da Educação a considerar que os deputados estavam a dar voz a "professorzecos".
É elementar dizer que o respeito devido a todos os cidadãos devia ser uma constante e um exemplo que, seria suposto, vir de cima. Esta tirada, sintomática do despudor, prepotência, arrogância e falta de respeito deste governo já nem sequer espanta. É apenas mais do mesmo.
Claro que, assim, não admira que o Sr. Primeiro Ministro diga que não se importa de ser apupado. O treino já é tanto! E, com saídas destas por parte da equipa que chefia, não me espanta que os apupos passem a ser a única manifestação pública a que passará a ter direito.

janeiro 27, 2008

O Coiso


Na ronda habitual pelos blogues favoritos, encontrei, no O Coiso, um testemunho do autor acerca dos "Cinco meses sem fumar". Aqui fica, juntamente com os comentários que eu e outros frequentadores lá deixámos:

A sensação de liberdade é magnífica!
Não estar sempre à espera do momento para fumar mais um cigarro, não cheirar a tabaco, não ter a boca a saber a almanaques Bertrand de 1923 e seguintes, não ressonar, não tossir, não ficar a arfar depois de subir uma ladeira, não andar sempre à procura do isqueiro, não ter cinzeiros para despejar, não sentir o coração a bater descompassado depois de três cigarros seguidos, não ser olhado de lado pelos próprios filhos, não estar com medo de queimar o sofá com o morrão do cigarro, não ter buracos no tapetes do carro, ter menos pedra nos dentes, não ter os dedos amarelos, não ter que me chatear por causa da hipocrisia da lei anti-tabaco…
…poupar cerca de dois mil euros/ano…

Pinoka Says:
Sei como é. Já lá vão quatro anos que deixei e não me arrependo, nem tinha que me arrepender.
Mas o prazer que aquilo dava… nunca vou esquecer.

pachita Says:
Já andava há algum tempo para comentar e hoje resolvi fazê-lo.
Vou a caminho dos 3 meses sem fumar. Sem champix, sem adesivos ou pastilhas. Foi mesmo a frio e não custou nada. Há dias em que apetece fumar um cigarro, em que tenho uma vontade terrível de fumar um cigarro, mas tenho conseguido controlar esses impulsos.
Mas o balanço é bastante positivo, sinto-me muito melhor, com muito mais energia e mais saudável.
Parabéns! :)
PS - Também passei pela fase de contar os dias. :D

Xeringador Says:
Subscrevo por inteiro o teu comentário e revejo-me a recitar todas as vantagens enunciadas sobre a vida sem fumo. Eu acrescentaria o bem-estar psicológico resultante do aumento da auto-estima que nos faz “trazer o rei na barriga”. Parabéns pelos cinco meses. Tenho acompanhado o teu percurso desde o início e fico contente por ti pois, tendo eu próprio deixado o tabaco há quase um ano, sei bem o calvário que é a dependência do dito.
Vou colar o teu desabafo no meu blogue.

Contador de visitas

No dia 24.01.08, com o apoio, via messenger, do meu amigo Pedro Carneiro, instalei um contador de visitas.
Quando o Pedro encontrou dificuldades na instalação do dito disse-lhe que não valia a pena insistir pois as visitas eram tão escassas que eu conseguia perfeitamente contá-las à mão. Mas, parece que não é bem assim. Olhando para a vertiginosa escalada do contador tenho de concluir que, afinal, não estava sozinho.
Se houver alguém mais atento que tenha olhado para o contador irá estranhar ver o número lá registado inferior à safra já atingida anteriormente. Como o registo de visitas se encontrava por trás do tí­tulo e já havia justas reclamações por parte do comentador mais assíduo, houve que mudá-lo. No decurso dessa operação, realizada hoje, perdeu-se o registo de 142 visitas que já levava e voltou ao zero. Isso para o Xeringador não é problema, supomos que também o não seja para os nossos visitantes. Com tempo lá voltaremos a chegar.
Pois sê bem vindo à humilde casa do xeringador!
Será uma honra contar contigo e falar-te das coisas simples da vida de todos os dias.

janeiro 26, 2008

Afinal quais são os maus?

Desde que este governo tomou posse, tenho ouvido do pior acerca dos professores. Estava quase convencido que mereciam ser tratados daquela forma - malandros, cambada de mandriões, faltosos, etc. Em consonância com o discurso vi como foram maltratados com um estatuto realmente penalizador. Depois veio o diploma da avaliação e, recentemente, para os rebaixar ainda mais, o D.L sobre a gestão das escolas, ainda em discussão pública.
Espero bem que os políticos tivessem razões para os castigar porque, com ou sem culpas no cartório, a forma como têm sido tratados, geradora de desconforto e enorme mal-estar entre a classe, vai trazer consequências muito graves para a Educação que tanto precisava de outro tratamento.
Quando já estava quase a concordar com os políticos e a ajudar a bater nos professores, com a divulgação do estudo da "Gallup" realizado para o Fórum Económico Mundial de Davos, na Suíça, fiquei baralhado. Diz o estudo que os professores são, de longe, o grupo que inspira maior confiança, tanto em Portugal (42%) como na média dos restantes dezassete países onde os estudo se realizou (44%).
Os políticos aparecem na cauda do pelotão com o odioso de serem os menos confiáveis.
E são esses mesmos políticos que não merecem a confiança de ninguém que atacam assim os professores? Alguma coisa aqui me está escapar, ficarei ansiosamnente à espera de uma explicação. Mas quem poderá explicar? Políticos não!
Vamos supôr que estamos numa democracia e respeitamos a vontade dos cidadãos, manifestada no mesmo estudo, que defendia mais poderes para os professores e menos para os políticos. Então poderíamos pôr os políticos a provar o seu próprio veneno e incumbir os professores de legislar sobre matérias respeitantes aos políticos. E escolheríamos uma matéria de pouca importância, por exemplo - Regras para políticos retirados da política (benesses, mordomias, reformas chorudas, sinecuras, tachos nas empresas...). Acho que seria um exercício interessante e iria restituir alguma moral à classe política além de mais respeito dos cidadãos pelos políticos e vice-versa.

janeiro 25, 2008

Perseguição policial

Hoje, na A1, em viagem do Porto para Lisboa, estive envolvido numa perseguição policial. Quem diria? Uma perseguição de grande aparato ao longo de muitos quilómetros e com uma grande quantidade de veículos envolvidos.
Havia pouco trânsito e ia a andar bem quando me deparo com uma apreciável concentração de automóveis a rodar na casa dos 120kms/h. Ia com alguma pressa para tentar estar em Lisboa pelas 10 horas e pus-me a ultrapassar toda a gente, ups, quase toda... À frente, a comandar o pelotão, ia um carro da polícia. Parecia que, por um acaso extraordinário, se juntou ali a totalidade dos automobilistas portugueses que respeitam religiosamente o limite de velocidade e, apesar de estar com pressa, por uma questão de solidariedade, juntei-me ao grupo perseguidor. E o pelotão foi engrossando com os novos aderentes que iam chegando.
E lá fomos todos a perseguir, calma e ordeiramente, o carro da Brigada de Trânsito que, a dada altura, começou a andar mais depressa e, sem comando, a formação ordenada foi-se desfazendo gradualmente.
Foi uma cena pouco habitual, nada ao estilo do xeringador, que prometeu relatar coisas simples da vida de todos os dias.

janeiro 24, 2008

Será roubo? Será castigo? Gente séria não é certamente!

Com as diligências relacionadas com a perda da carteira, estou a ficar perito em roubos bancários, perdão, comissões bancárias. Hoje, ao receber o estrato do BPI, fiquei a saber que a informação que deixei em “Besta comedeira, rédea curta” de 18.01.08, estava errada.
Não queria colocar o cartão em lista negra visto tratar-se de um cartão de débito com código e, como tal, apenas queria um novo e não me incomodava nada que o outro ficasse activo.
Afinal, mesmo assim, tenho que pagar ao banco 7.50€, referentes a, dizem eles em maiúsculas, COMISSÃO INSERÇÃO LISTA NEGRA . Será multa? Não me parece porque o cartão era meu, paguei-o. Será um roubo descarado? Ou será castigo? Não me parece que seja castigo porque o dono do cartão, que sou eu, já perdoou a quem o perdeu e não se quer vingar nem aproveitar-se das desgraças alheias.
Liguei para o banco a perguntar se não havia engano. E não, não havia, é assim mesmo e todos os bancos assim fazem, acrescentou o funcionário. E disse-me também que, no caso de o cartão se extraviar no correio e não chegar à minha mão, nesse caso, sorte a minha, não teria que pagar a dita comissão, ou seja, se fossem eles a perdê-lo não me penalizariam a mim. Que simpáticos!
Claro que me foi debitada também uma “COMISSÃO SUBSTITUIÇÃO CARTÃO MB" no valor de 5€. O novo cartão ainda não chegou mas, não vá o diabo tecê-las, à cautela, trataram de fazer o respectivo débito logo no momento em que o pedi, há uma semana. Trabalho feito não mete pressa.
Assim não me admira de ter ouvido, há minutos no noticiário, que os lucros destes senhores subiram 17%. As coisas andam mal mas não é para todos.

janeiro 23, 2008

Que ricas couves!

Hoje, quero partilhar uma história de couves e vizinhos, passada há pouco tempo, por lhe achar alguma piada.
Tenho um vizinho com muitos pontos fortes. Boa pessoa, trabalhador incansável, topa a tudo para ganhar a vida e tem tido o justo prémio do seu trabalho. É pedreiro de profissão mas não enjeita a oportunidade de ganhar uns cobres extra. Para isso, nas horas vagas, disponibiliza-se para o que der e vier: ajuda num restaurante, dá uma mão numa loja de pneus e, de vez em quando, também se dedica às vendas por conta de outrem. E vende os mais variados artigos - madeira, lenha, alfaias e pequenas máquinas agrícolas, automóveis, tractores e até terrenos. Mas o seu forte não é a linguagem fluida com o vocabulário adequado a um vendedor. Também é analfabeto mas, apesar das limitações, quando tem que ser, mete-se na pele de vendedor e lá desempenha o seu papel o melhor que pode, escolhendo "cuidadosamente" o vocabulário.
Foi o que fez há dias quando me disse que tinha um bom terreno para vender:
- Se o senhor doutor souber de alguém... (só me trata assim quando está a tentar vender-me alguma coisa)
- Eu não preciso.
- Pois, o senhor doutor já tem casa mas se algum colega seu precisar... já sabe. É um terreno muito bom. Pode fazer lá uma boa casa e ainda sobra campo para jardim ou para horta. E então tem cá uma terra!
E prossegue o seu raciocínio, cada vez mais entusiasmado com a qualidade da terra:
- Aquilo é só plantar e ver crescer. Dá-se lá tudo. Ele é milho, é batatas e então se o senhor doutor plantar lá couves AQUILO DÁ COUVES CUM FILHA DA PUTA!

janeiro 22, 2008

É fartar vilanagem

Acabei, finalmente, as diligências relacionadas com a perda da carteira.
Fui à Polícia participar a perda da carta de condução e tratei de cancelar o último cartão, do Banco Santander. E estes senhores, ex-Crédito Predial Português e ex-Totta não são excepção, também não dormem em serviço, não senhor. Taxa de colocação em lista negra – 29.50€. E perguntaram, muito simpáticos, se desejava pedir um novo cartão. Não desejei, recusei tão simpática oferta e resolvi passar a movimentar a conta apenas pela internet. E foi com a instalação dos códigos que começaram as dificuldades. Liguei para a agência, não me conseguiram ajudar e aconselharam-me a ligar para a assistência. Os números da assistência eram de telemóveis ou rede fixa de valor acrescentado (igual àquelas de sexo por telefone, seja lá o que isso for). Liguei para outro número que lá aparecia, mas nada feito, aconselharam-me também a assistência (a tal linha de valor acrescentado igual àquelas de sexo por telefone).
Acho um abuso inaceitável por parte de alguns prestadores de serviços, de maus serviços entenda-se, telecomunicações, bancos, etc que, para resolver questões habitualmente devidas às suas próprias falhas, nos ponham a falar para números de valor acrescentado. Mas o pior é que, quando ligamos, a chamada é atendida, de imediato por uma máquina apenas para nos sacar dinheiro. Mesmo que seja apenas para dizerem que estão muito ocupados e não nos podem atender, atendem e, ao mesmo tempo que nos dão música, colocam-nos em espera por longos períodos. Quanto maior a espera maior é o lucro deles. É um fartar vilanagem, o descaramento e a incompetência a facturar em todo o seu esplendor.

janeiro 21, 2008

Forno preparado para rosquilhas

Hoje fartei-me de rir com uma expressão usada pelo meu amigo Luciano. Confidenciou-me que leu o meu blogue, gostou mas não ia fazer nenhum comentário, de momento, porque, disse ele - ...nem sempre o forno está preparado para as rosquilhas. Este é apenas um exemplo da forma como a linguagem se socorre e se inspira em tarefas da vida diária para traduzir acções e estados de espírito.
Esta do Luciano nunca tal tinha ouvido mas, sabendo como sei, que ele tem os cinco alqueires bem aferidos, acho que não estarei a puxar a brasa à minha sardinha se concluir que ele, hoje, não estava nada faroleiro. Não quer dizer que tenha acordado com os pés de fora, que estivesse com os azeites ou a fugir com o cu à seringa, não, nem tanto ao mar nem tanto à terra. Apenas não levava a carta a Garcia porque trazia a pedra a centeio e, como tal, não conseguia levar a água ao meu moinho. Ou, dito de outra forma - não tinha o forno preparado para as rosquilhas.

janeiro 20, 2008

Silha dos ursos porque sim


Hoje tive o prazer de guiar um grupo no passeio das "Silhas dos Ursos" na Serra do Gerês.
As silhas dos ursos são os locais, naturais (foto da esquerda) ou construídos pelo homem (foto da direita), onde eram colocadas as colmeias, fora do alcance da voracidade dos ursos que, tal como os humanos, adoram mel. Já não há ursos no Gerês desde o ano 1500, segundo se crê, mas as silhas continuam lá. Nos séculos seguintes, XVII e XVIII, após o desaparecimento dos ursos, as silhas continuaram a ser construídas da mesma forma apesar da extinção dos ursos.
É interessante verificar que foram necessários vários séculos para, tal como hoje, as colmeias dispensarem as silhas e começarem a ser colocadas directamente no chão.
Muitas vezes cristalizamos procedimentos e continuamos a fazer as coisas de uma determinada forma mesmo que tenham desaparecido os motivos para tal. De forma cega, sem nos questionarmos, fazemo-lo porque sempre fizémos dessa forma ou apenas... porque sim.

janeiro 19, 2008

Mau exemplo



"Os gregos, na sua relação com a natureza, não descreviam florestas ou montanhas; adoravam-nas e nelas construiam templos" G. Murray
Hoje deixei-me entusiasmar pela beleza da serra do Gerês e aventurei-me, sozinho, sem mesmo ter dito nada a ninguém sobre o local para onde me dirigia. Isto é o que nunca se deve fazer, assim diria Frei Tomás.
O que estava previsto ser apenas o reconhecimento pontual de uma pequena parte do passeio da Silha dos Ursos, a realizar àmanhã, prolongou-se um pouco mais. Comecei junto à Casa de Junceda e, só mais um bocadinho para tirar mais umas fotos, que tempo maravilhoso, deixa passar esta encosta para ver mais um pouco... acabei por lá passar a maior parte do dia.

janeiro 18, 2008

Brunhoso à luz da candeia

O Xeringador faz aqui uma vénia ao Zamit pelo texto que colo em baixo, colocado na página de Brunhoso. Parabéns ao Zamit que eu desconfio quem seja mas... só posso ter a certeza quando ele o confirmar! Espero que se dê rapidamente a conhecer para lhe dar os parabéns pela excelente reconstituição de uma época em que o Seringador desempenhava o seu papel veiculando novidades e, não menos importante, para que este texto não continue órfão de autor.

"Naquele tempo a autoridade não se discutia. Era Deus no céu e Salazar em Lisboa. O Presidente da Câmara era um Doutor rico e importante (já o pai dele tinha sido) que estava lá por ser amigo dos dois anteriores e cuja missão era só zelar pelo seu respeito. Em Brunhoso havia um Presidente da Junta que administrava sem reclamações, embora as calçadas das ruas estivessem cada vez mais esburacadas, os caminhos da ladeira eram carreiros, não havia saneamento, nem electricidade, água havia nas bicas e nas fontes. Os indígenas nunca tinham conhecido melhor ou já não se lembravam e as autoridades, distantes e omnipotentes, não admitiam protestos. Havia um Regedor que, tal como o Presidente da Junta, nada fazia, pois as pessoas eram pacíficas e resolviam os pequenos choques e divergências entre eles, por vezes à lambada e ao pontapé. O padre Zé era a autoridade religiosa e a única que mostrava algum serviço. Fazia os batizados, casamentos e funerais sem cobrar nada por isso. Era um homem bom, rico, teimoso e virtuoso. Vivia rodeado de 3 ou 4 mulheres e nunca se lhe conheceu filho algum. Rezava as missas, a que era obrigatório assistir aos domingos, sob pena de pecado mortal ou de se ser apelidado de protestante ou comunista, o que para o povo eram a mesma coisa. Homens à frente mulheres atrás, todos cumpriam a sua obrigação, com mais devoção as mulheres pois habitualmente só elas comungavam (as mulheres foram sempre mais pecadoras). O padre Zé além de dar o dinheiro dos responsos aos rapazes que o ajudavam à missa, dava cigarros a muitos homens, a alguns passou-lhes o vício (era no tempo em que o tabaco não fazia mal às pessoas). A autoridade máxima dos garotos era a professora, imponente,competente e altiva, ensinou-lhes a matemática, a gramática, a geografia e as vénias do salazarismo. Brunhoso vivia em paz, miséria (quase todos) e harmonia, pelo menos desde há 500 anos atrás, pois que conste as Invasões Francesas não passaram por lá. Até ao Entrudo! A procissão ainda vai no adro e o Jacob leva o estandarte maoior!

Besta comedeira, rédea curta

O provérbio do título resume alguns dos cuidados a ter na aquisição de cartões bancários. Se sabemos, à partida, com quem estamos a lidar, é conveniente deixar-lhes a rédea bem curta para não nos pormos a jeito de nos fazerem o que melhor sabem. Ou seja, em vez de aceitarmos o que os bancos nos querem impingir seria bom pensarmos também na nossa conveniência e sermos mais criteriosos aceitando apenas os cartões de que realmente precisamos.
Hoje, aliás ontem, visto que já passa da meia noite, ia ao BPI para anular mais um cartão, neste caso da empresa, preparado para mais um assalto à bolsa. Mas, tratando-se de um cartão de débito, com código, não houve necessidade de o anular nem tão pouco de o colocar na lista negra. De qualquer forma, o custo da anulação seria de apenas sete euros. Aproveitei para perguntar o valor que o BPI cobraria se se tratasse de um cartão de crédito – 25 euros. Também não dormem, não senhor.

janeiro 16, 2008

Agarra que é ladrão II

Hoje continuei a minha saga e fui dar baixa do cartão do BCP. Comissão de colocação em lista negra - 27.50€.
Como? - Perguntei - É que parece um valor exagerado, na CGD só me vão roubar, perdão, cobrar, 10 euros.
Resposta do funcionário - Isso é lá com eles mas, tanto quanto sei, 27.50€ é o valor que os serviços da Visa nos roubam, perdão, nos cobram, a nós.
Equacionei a possibilidade de não dar baixa porque, mesmo correndo o risco de o cartão vir a cair em más mãos, talvez não fossem tão más como as do BCP.
Por segurança, acabei por colocá-lo na tal lista negra.
Perguntaram se queria outro cartão. Não, obrigado. E resolvi optar pelo acesso através da net.

janeiro 15, 2008

Agarra que é ladrão!

Decorridos dez dias, ver mensagem de 04.01.08, apesar das rezas da mulher a dias, a verdade é que a carteira perdida e os respectivos cartões não apareceram.
Hoje resolvi ir dar baixa dos cartões e cheques. A Caixa Geral de Depósitos costuma enviar-me, de vez em quando, novos cartões por sua iniciativa. Agora que fui eu a pedir exigiram-me comprovativo de morada e profissão. Quando lhes quis facultar um documento oficial, decobri que afinal também tinha perdido a carta de condução. Aconselharam-me a ir participar à polícia antes de dar baixa dos cheques e dos cartões. A polícia achou que era melhor ir ver também na GNR. Já que estava na GNR resolvi participar a perda da carta de condução. Que não senhor, o melhor era ir antes à polícia. E voltei à caixa onde me cobraram 8.50€ respeitantes a, dizem eles, encargos de cancelamento dos cheques e mais 10€ para colocar o cartão na lista negra, procedimento obrigatório para pedir novo cartão. Isto sem falar nos custos do novo cartão e cheques. Interessante verificar que os cartões e cheques estiveram tanto tempo extraviados e ninguém roubou nada, mal comuniquei à CGD, começaram logo a trabalhar. Meus senhores, ali não se brinca.

janeiro 14, 2008

Sinais do tempo


Hoje, no ginásio, ao ver aquelas pessoas no seu afã de queimar gorduras extra, esculpir os corpos, tratar da saúde ou outros motivos, cada um terá os seus, dei comigo a pensar como as coisas mudam. Noutros tempos, os alimentos eram escassos e o organismo armazenava, sob a forma de gordura, o máximo de energia para fazer face aos períodos de penúria que, inevitavelmente, iriam surgir. Quem acumulasse mais energia estava mais apto para sobreviver aos períodos de carência.
A nossa cabeça já sabe mas os nossos corpos ainda não perceberam que esses tempos já passaram e já não precisamos de nos empanturrarmos de comida para precaver o futuro. Agora, ao contrário de antigamente, quem está mais bem apetrechado para a vida não é quem acumulou energia mas sim quem queimou o excedente.

Onze meses sem fumar

Faz hoje, catorze de Janeiro do ano da graça de dois mil e oito, onze meses que sou fumador em abstinência. Daqui a um mês irei apresentar a factura ao meu grande amigo, Pedro, que prometeu pagar-me um almoço onde eu quisesse, custasse o que custasse, quando deixasse de fumar. Ele não se esqueceu e, há pouco menos de onze meses, ao dar pela falta do meu fumo, fez questão de lembrar que a promessa, velhinha de muitos anos, continuava de pé. Disse-lhe que esperasse um ano.
Espero que esta seja a última vez que comemoro xis meses sem fumar pois, embora continue muito satisfeito com a condição de fumador em abstenção, já considero isso uma coisa normal e o tabaco já não me diz quase nada. Sei que uma recaída é sempre possível mas, neste momento, já não posso dizer que é preciso um grande esforço para manter a decisão. O meu principal receio é deparar-me com uma situação na minha vida, tão má, que me faça concluir que, no cenário em causa, o tabaco é o menor dos males. Daí a baixar as defesas e deitar tudo a perder seria um passo bem pequeno.
A condição actual de que me orgulho e quero manter – prática desportiva regular, melhor qualidade de vida, alimentação mais saudável a precaver o possível aumento de peso - não é compatível com o estatuto de dependente do tabaco. Tudo isto, a somar ao aumento da auto-estima, acaba por constituir uma âncora que me mantém bem preso à minha decisão iniciada há, exactamente, onze meses.

janeiro 13, 2008

A união faz a força

Acabei de ver no youtube um vídeo cujo sucesso é comprovado pelos muitos milhões de visionamentos. A cena foi mesmo muito bem apanhada: um grupo de leões apanha uma cria de búfalo. Os dois adultos que acompanhavam o júnior, em inferioridade numérica, parecem abandonar a cria à sua sorte... Os leões, em fase de imobilização da presa acabam por cair todos no lago com o pequeno búfalo nas suas garras. E zás, um crocodilo rouba-lhes o petisco mas, após disputa, finalmente conseguem recuperar o almoço esperado das garras do crocodilo e trazê-lo para terra (o almoço, não o crocodilo). Preparavam-se para dar o golpe de misericórdia quando chegam reforços - uma manada de búfalos - que lhes estraga os planos e provoca a debandada dos leões.
E foi bonito ver a luta que terminou com a vitória, sem espinhas, dos búfalos sobre os leões. E aqueles a quem costumamos chamar reis da selva tiveram que se pôr a andar com o rabinho entre as pernas antes que a sua sorte piorasse.
Não há dúvida que a união faz a força.
Além da felicidade do operador de câmara que estava na hora certa, no local certo, com o material certo, para a história terminar em beleza, a cria acabou por se safar.

janeiro 09, 2008

A morte do artista

A minha amiga Diana confidenciou-me, hoje, que ficou de apresentar um trabalho, no seu grupo de meditação, sobre um raio de um tema, mais tétrico não pode haver - a morte. E perguntou-me se não queria escrever um textinho só para lhe dar o mote para a sua dissertação. Como bloguista que se preza e já que não arrisco molestar os leitores que não tenho, não enjeitei a oportunidade de reflectir um pouco sobre o assunto.
E porquê o título - morte do artista? Apenas para suavizar um pouco o tema. Todos sabemos que a morte, em abstracto, é muito triste e constitui um tema tabu em que ninguém gosta de tocar nem mesmo para ajudar a Diana. Mas, vá-se lá saber porquê, se se tratar da morte do artista, já não há nenhum problema e ninguém reclama. Porquê? Haverá artistas a mais e até é bom que a morte nos vá libertando de alguns deles? Não me parece.
Ora, pensando um pouco, a única morte que existe é mesmo a do artista. A sua marca no mundo e nas pessoas com quem lidou ficará por cá. A sua obra, boa ou má, com tudo o que ele fez, enquanto por cá andou, vai continuar; as riquezas que amealhou ou as dívidas que contraiu, as obras que executou, o bem ou o mal que fez, as influências que exerceu, o amor que suscitou, tudo isso ficará juntamente com a saudade ou a alegria da sua partida.
Então por que é que nos deixa tanta mágoa perder alguém? Porque deixámos de poder inter-agir com essa pessoa. E é a inter-acção que move este mundo e nos faz dizer que a solidão é o pior que há. É essa mesma necessidade de inter-agir que nos leva a comunicar de todas as formas - a escrever mensagens, cartas, blogues ou livros - e tentar ter um retorno dos receptores da nossa mensagem; sejam eles quem forem, até poderão ser desconhecidos.
Bem podemos concluir que viver é inter-agir e inter-agir é viver, até que a morte nos separe.

janeiro 07, 2008

Permitido fumar

Hoje encontrei, casualmente, a minha amiga Cristina, na rua a deliciar-se com um cigarro. E disse-me que encomendou e está ansiosamente à espera de dísticos de PERMITIDO FUMAR. Vai colá-los no carro, bem visíveis do exterior, apenas como provocação aos justiceiros anti-fumo.
E contou que andava triste com a forma como as pessoas, em geral, olham os fumadores; que se sente a ser julgada e condenada como criminosa. Alguns, acrescenta, ostentam mesmo o ar divertido de satisfação sádica com o novo estatuto dos fumadores, escorraçados para a via pública.
E dizia ela que, além da rua, neste momento, só podia fumar no carro, em casa e no Café à beira de casa e, mesmo aí, há discriminação pois, apesar de o fumo ser permitido, há quem reclame porque os extractores, dizem - arrefecem o ambiente.

janeiro 05, 2008

A cura das azeitonas

Parece que, hoje, estou mesmo numa de agricultura e afins. Acabei as azeitonas golpeadas. Curei mais de vinte quilos mas já marcharam todas. Não me espanta que tenham acabado pois, não é para me gabar, mas estavam mesmo muito boas. E, claro, a dar azeitonas a toda a gente que por cá aparecia, não podiam durar muito. É preciso acrescentar que as azeitonas são quase a minha imagem de marca. Quando há uma saída em que seja necessário levar farnel, o pessoal já sabe, de antemão, que eu levo azeitonas.
Este ano apanhei muitas e tenho, guardadas em salmoura, cerca de cinquenta quilos. Quis golpear mais mas não encontrei o respectivo artefacto. Procurei por toda a parte mas nada. Terei que o ir responsar. Então, já que não as posso golpear, para as curar mais depressa, resolvi pô-las em cinza durante um ou dois dias. Experimentei apenas com uns dez quilos, vamos ver se o procedimento resulta. Coloquei-as num balde, alternando camada de cinza, camada de azeitonas e, segunda feira de manhã, ponho-as em água. Depois, durante uns dias não poderei mexer-lhes visto que no dia 8, terça-feira às onze e meia, começa a lua nova.

Alfaces, Senhor, são alfaces.

Alfaces em Janeiro? Diriam os caros leitores se este blogue tivesse leitores. É verdade, dentro da estufa, claro, porque cá fora o frio ainda aperta. A escrita não estava a resultar, falta de inspiração, e virei-me para a agricultura. Era uma tarefa que não podia esperar muito mais, pois dentro de três dias, teremos lua nova e, nessa altura, o melhor é dedicar-me a outras tarefas. Plantei nada mais nada menos que 57 pés de alface. Nasceram espontaneamente, cá fora, no meio das nabiças, penso que não irão estranhar o ambiente mais quente e protegido da estufa. Só espero que não se amedrontem por estarem à beira das outras mais crescidas, já no ponto de serem colhidas. Aqui fica a foto para que não haja dúvidas.
Até Março, calculo que são suficientes para meu consumo e até me posso dar ao luxo de abastecer também os leitores do blogue desde que o seu número não se altere muito (o número de leitores porque o de alfaces tem tendência a baixar).

janeiro 04, 2008

Responsar

Ontem, quando ia sair, em viagem, não encontrei a carteira. Tinha lá vários cartões bancários - pessoais e da empresa, crédito, débito, livro de cheques etc, etc...
Os locais mais prováveis foram passados a pente fino, tive que atrasar a viagem em mais de duas horas mas a carteira não apareceu.
Hoje, após regressar da viagem, só por descargo de consciência, perguntei à mulher a dias se teria visto a dita. Disse que não e, passados uns cinco minutos, veio dizer-me de forma muito séria e convincente que já tinha rezado o responso e que dava bem, que a carteira não foi roubada e que iria aparecer. Eu nem respondi, fui apanhado de surpresa e fiquei de boca aberta a olhar para ela enquanto relembrava que, na minha aldeia, em Trás-Os-Montes, também se recorria ao responso nesta situação.
"No creo en brujas pero que las hay, las hay"; mas a verdade é que fiquei mais descansado com esta abordagem transcendental e, depois de ver na net que não há, para já, nenhum registo de movimento nas contas, resolvi não cancelar já os cartões nem os cheques e esperar o bom desenlace anunciado.

Responsar - Conjugar - do Lat. responsare v. tr., fazer responsos por; fazer responsos a um santo para aparecer o que se perdeu ou para afastar algum mal iminente.